Num exercício de imaginação, conceba um estudante de veterinária diante
da incômoda indicação de seus professores, que a título de aprender sua Ciência
e ofício bastaria, para tanto, apreciar uma série de documentários da vida
animal – como reagiria este educando? Embora o valor didático destes possa ser
largamente discutido, não será um documentário capaz de esmiuçar as filigranas
da Ciência Veterinária. A razão de ser mesma de um curso universitário nesta
área se perderia. Há
alguns anos, um jornalista americano, John Grogan, escreveu uma obra de
reminiscências focada na relação de sua família com seu cão, chamado Marley – a
obra, Marley & Me (Marley e Eu), tornou-se enorme triunfo
editorial em 2005, gerando uma obra cinematográfica baseada nele, de mesmo
nome, que estreou nos cinemas em 2008, com semelhante sucesso de público. Que
pensaria um estudante de veterinária se lhe fosse ordenado que, para aprender
veterinária, bastaria ler somente a este livro?
A mesma agitação indignada causada ao estudante de
veterinária deveria repetir-se naqueles que pretendem conhecer a Doutrina dos
Espíritos, quando lhes é aconselhando a leitura em larga escala de romances
mediúnicos, como proceder suficiente para se alcançar este intento. Há quase
uma centena de recomendações de Allan Kardec por estudar o Espiritismo com
seriedade, afinco e assiduidade, e num tempo anterior a confecção de qualquer
romance mediúnico. O Espiritismo era menos Espiritismo ao tempo de Allan
Kardec? Fora preciso o Brasil para dar-lhe a extensão necessária? Um legítimo
espírita francês de fins do século XIX não pensaria assim, e estaria mais a par
do Espiritismo por ter à mão as Obras Básicas do que estão os que atualmente
devotam tempo e forças a leitura dos romances de André Luiz, Emmanuel,
Rochester, Zíbia Gasparetto, Divaldo Franco, Robson Pinheiro e outros tais que,
mesmo não sendo romances, estão eivados de equívocos e doutrinas estranhas,
como os de Edgard Armond, Ramatis, Richard Simonetti, entre muitos outros.
Facilmente se encontram alegações à guisa de justificar a
razão de ser de tal literatura – o argumento mestre defende que estes elucidam 'pontos obscuros' do Espiritismo, com
linguagem acessível e de maneira didática – mas, para se alegar isto, será
preciso conhecer estes tais pontos pretensamente obscuros, a fim de poder
aferir se, de fato, este ou aquele romance está capacitado a tratar da questão
de modo aprazível e instrutivo. Mas quem se propõe a encarar o desafio da
leitura e estudo contínuo, sério e assíduo das Obras Básicas? A experiência
atesta que o conhecimento das obras kardecianas é apenas superficial. E é parte
desta superficialidade que coopta sequazes para engrossar fileiras de leitores,
leitores meramente recreativos. A leitura recreativa não é o ponto em questão,
mas que se acredite ser ela competente para dar conta da totalidade do Espiritismo
– as Obras Básicas, o trabalho de codificação engendrado por Allan Kardec deu
em obras dessa natureza? De modo algum se tomaria um largo trabalho filosófico por
romance.
O romance é uma peça literária que contém uma narrativa em prosa, relativamente longa que apresenta uma história composta por um enredo, temporalidade, ambientação e personagens, explorando situações, características e ações com o fito de se alcançar uma coesão crível, convincente - portanto, em essência, um romance sustenta uma história ficcional, uma invenção, uma mentira. Porém, o consentimento irrestrito aos romances mediúnicos guarda nas entrelinhas perigosas ideias tacitamente espargidas, e aceitas - as principais dentre estas sustentam que a Doutrina dos Espíritos se encontra inacabada ou incompleta, e, portanto, carente de arremate por meio de narrativas; ou que Allan Kardec é de difícil leitura, ou que e por conta disto, está ultrapassado e desatualizado, carente de quem melhor lhe traduza o trabalho de codificador. Estes e outros conceitos de igual natureza são repetidos exaustivamente, e encontrados sem esforços em palestras, artigos e livros de pretensos estudiosos, mas cujas falas e letras expõe a flagrante ignorância quanto aos escritos de Allan Kardec, e as bases do Espiritismo. Por meio de romances uma verdadeira campanha de adulteração tem sido posta em prática, visando descaracterizar o Espiritismo e, em última instância, destruí-lo. Quer por à prova esta alegação? Estude Allan Kardec com seriedade e tenacidade e alcance suas próprias conclusões. Abraços.
O romance é uma peça literária que contém uma narrativa em prosa, relativamente longa que apresenta uma história composta por um enredo, temporalidade, ambientação e personagens, explorando situações, características e ações com o fito de se alcançar uma coesão crível, convincente - portanto, em essência, um romance sustenta uma história ficcional, uma invenção, uma mentira. Porém, o consentimento irrestrito aos romances mediúnicos guarda nas entrelinhas perigosas ideias tacitamente espargidas, e aceitas - as principais dentre estas sustentam que a Doutrina dos Espíritos se encontra inacabada ou incompleta, e, portanto, carente de arremate por meio de narrativas; ou que Allan Kardec é de difícil leitura, ou que e por conta disto, está ultrapassado e desatualizado, carente de quem melhor lhe traduza o trabalho de codificador. Estes e outros conceitos de igual natureza são repetidos exaustivamente, e encontrados sem esforços em palestras, artigos e livros de pretensos estudiosos, mas cujas falas e letras expõe a flagrante ignorância quanto aos escritos de Allan Kardec, e as bases do Espiritismo. Por meio de romances uma verdadeira campanha de adulteração tem sido posta em prática, visando descaracterizar o Espiritismo e, em última instância, destruí-lo. Quer por à prova esta alegação? Estude Allan Kardec com seriedade e tenacidade e alcance suas próprias conclusões. Abraços.