domingo, 28 de julho de 2019

A Importância dos Romances Mediúnicos

Num exercício de imaginação, conceba um estudante de veterinária diante da incômoda indicação de seus professores, que a título de aprender sua Ciência e ofício bastaria, para tanto, apreciar uma série de documentários da vida animal – como reagiria este educando? Embora o valor didático destes possa ser largamente discutido, não será um documentário capaz de esmiuçar as filigranas da Ciência Veterinária. A razão de ser mesma de um curso universitário nesta área se perderia. Há alguns anos, um jornalista americano, John Grogan, escreveu uma obra de reminiscências focada na relação de sua família com seu cão, chamado Marley – a obra, Marley & Me (Marley e Eu), tornou-se enorme triunfo editorial em 2005, gerando uma obra cinematográfica baseada nele, de mesmo nome, que estreou nos cinemas em 2008, com semelhante sucesso de público. Que pensaria um estudante de veterinária se lhe fosse ordenado que, para aprender veterinária, bastaria ler somente a este livro?

A mesma agitação indignada causada ao estudante de veterinária deveria repetir-se naqueles que pretendem conhecer a Doutrina dos Espíritos, quando lhes é aconselhando a leitura em larga escala de romances mediúnicos, como proceder suficiente para se alcançar este intento. Há quase uma centena de recomendações de Allan Kardec por estudar o Espiritismo com seriedade, afinco e assiduidade, e num tempo anterior a confecção de qualquer romance mediúnico. O Espiritismo era menos Espiritismo ao tempo de Allan Kardec? Fora preciso o Brasil para dar-lhe a extensão necessária? Um legítimo espírita francês de fins do século XIX não pensaria assim, e estaria mais a par do Espiritismo por ter à mão as Obras Básicas do que estão os que atualmente devotam tempo e forças a leitura dos romances de André Luiz, Emmanuel, Rochester, Zíbia Gasparetto, Divaldo Franco, Robson Pinheiro e outros tais que, mesmo não sendo romances, estão eivados de equívocos e doutrinas estranhas, como os de Edgard Armond, Ramatis, Richard Simonetti, entre muitos outros.

Facilmente se encontram alegações à guisa de justificar a razão de ser de tal literatura – o argumento mestre defende que estes elucidam 'pontos obscuros' do Espiritismo, com linguagem acessível e de maneira didática – mas, para se alegar isto, será preciso conhecer estes tais pontos pretensamente obscuros, a fim de poder aferir se, de fato, este ou aquele romance está capacitado a tratar da questão de modo aprazível e instrutivo. Mas quem se propõe a encarar o desafio da leitura e estudo contínuo, sério e assíduo das Obras Básicas? A experiência atesta que o conhecimento das obras kardecianas é apenas superficial. E é parte desta superficialidade que coopta sequazes para engrossar fileiras de leitores, leitores meramente recreativos. A leitura recreativa não é o ponto em questão, mas que se acredite ser ela competente para dar conta da totalidade do Espiritismo – as Obras Básicas, o trabalho de codificação engendrado por Allan Kardec deu em obras dessa natureza? De modo algum se tomaria um largo trabalho filosófico por romance.

O romance é uma peça literária que contém uma narrativa em prosa, relativamente longa que apresenta uma história composta por um enredo, temporalidade, ambientação e personagens, explorando situações, características e ações com o fito de se alcançar uma coesão crível, convincente - portanto, em essência, um romance sustenta uma história ficcional, uma invenção, uma mentira. Porém, o consentimento irrestrito aos romances mediúnicos guarda nas entrelinhas perigosas ideias tacitamente espargidas, e aceitas - as principais dentre estas sustentam que a Doutrina dos Espíritos se encontra inacabada ou incompleta, e, portanto, carente de arremate por meio de narrativas; ou que Allan Kardec é de difícil leitura, ou que e por conta disto, está ultrapassado e desatualizado, carente de quem melhor lhe traduza o trabalho de codificador. Estes e outros conceitos de igual natureza são repetidos exaustivamente, e encontrados sem esforços em palestras, artigos e livros de pretensos estudiosos, mas cujas falas e letras expõe a flagrante ignorância quanto aos escritos de Allan Kardec, e as bases do Espiritismo. Por meio de romances uma verdadeira campanha de adulteração tem sido posta em prática, visando descaracterizar o Espiritismo e, em última instância, destruí-lo. Quer por à prova esta alegação? Estude Allan Kardec com seriedade e tenacidade e alcance suas próprias conclusões. Abraços.

domingo, 14 de julho de 2019

Allan Kardec em cores

Uma das fotos mais conhecidas de Allan Kardec, digitalmente colorizada - não tenho informes acerca do artista que realizou este trabalho de colorização; portanto, qualquer dado à respeito é muito bem-vindo, e necessário para se dar o crédito ao seu autor. 


Os 15 Princípios da Doutrina Espírita

Didaticamente o Espiritismo prescreve 15 princípios que são suas bases, ou fundamentos.

1 - Deus
"Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas." - O Livro dos Espíritos
"Pois bem! Lançando o olhar em torno de si sobre as obras da Natureza, notando a providência, a sabedoria, a harmonia que presidem a essas obras, reconhece o observador não haver nenhuma que ultrapasse os limites as mais portentosa inteligência humana. Ora, desde que o homem não as pode produzir é que elas são produto de uma inteligência superior à Humanidade, a menos se sustente que há efeito sem causa." - A Gênese

2  - Elemento Espiritual
"(O Espírito é) O Princípio Inteligente do Universo." - O Livro dos Espíritos
"A existência do Princípio Espiritual é um fato que, por assim dizer, não precisa de demonstração, do mesmo modo que o da existência do princípio material. É, de certa forma, uma verdade axiomática. Ele se afirma pelos seus efeitos, como a matéria pelos que lhe são próprios." - A Gênese

3 - Elemento Material
"A matéria é o laço que prende o Espírito; é o instrumento de que este se serve e sobre o qual, ao mesmo tempo, exerce a sua ação." - O Livro dos Espíritos
"Logo, quer a substância que se considere pertença aos fluidos propriamente ditos, isto é, aos corpos imponderáveis, quer revista os caracteres e as propriedades ordinárias da matéria, não há, em todo o Universo, senão uma única substância primitiva; o cosmo, ou matéria cósmica dos uranógrafos." - A Gênese

4 - Imortalidade
"Dizemos que a existência dos Espíritos não tem fim." - O Livro dos Espíritos
"É inata no homem a ideia da perpetuidade do ser espiritual; essa ideia se acha nele em estado de intuição e de aspiração. O homem compreende que somente aí está a compensação às misérias da vida." - A Gênese

5 - Progresso
"O homem não pode conservar indefinidamente na ignorância, porque tem de atingir a finalidade que a Providência lhe assinou. Ele se instrui pela força das coisas." - O Livro dos Espíritos
"Progredir é condição normal dos seres espirituais e a perfeição relativa o fim que lhes cumpre alcançar." - A Gênese

6 - Reencarnação
"Todos os Espíritos tendem para a perfeição e Deus lhes faculta os meios de alcançá-la, proporcionando-lhes as provações da vida corporal." - O Livro dos Espíritos
"Admiti ao contrário, que as almas de agora já viveram em tempos distantes; que possivelmente foram bárbaros como os séculos em que estiveram no mundo, mas que progrediram, que para cada nova existência trazem o que adquiriram nas existências precedentes; que, por conseguinte, as dos tempos civilizados não são almas criadas mais perfeitas, porém que se aperfeiçoem por si mesmas com o tempo, e tereis a única explicação plausível da causa do progresso social." - A Gênese

7 - Livre-arbítrio
"Sem o livre-arbítrio o homem seria máquina." - O Livro dos Espíritos
"Sabe que todas as almas, tendo um mesmo ponto de origem, são criadas iguais, com idêntica aptidão para progredir, em virtude de seu livre-arbítrio." - A Gênese

8 - Relações de causalidade
"Quando comeis em excesso, verificais que isso vos faz mal. Pois bem, é Deus quem vos dá a medida daquilo que necessitais. Quando excedeis dessa medida, sois punidos. Em tudo é assim. A lei natural traça para o homem o limite das suas necessidades. Se ele ultrapassa esse limite, é punido pelo sofrimento. Se atendesse sempre à voz que lhe diz - basta, evitaria a maior parte dos males, cuja culpa lança à Natureza." - O Livro dos Espíritos

9 - Fluido
"O fluido cósmico universal é, como já foi demonstrado, a matéria elementar primitiva, cujas modificações e transformações constituem a inumerável variedade dos corpos da Natureza." - A Gênese

10 - Perispírito
"O perispírito, ou corpo fluídico dos Espíritos é um dos mais importantes produtos do fluido cósmico, é uma condensação desse fluido em torno de um foco de inteligência ou alma." - A Gênese

11 - Mediunidade
"É igualmente com o concurso do seu perispírito que o Espírito faz que os médiuns escrevam, falem, desenhem. Já não dispondo de corpo tangível para agir ostensivamente quando quer manifestar-se, ele se serve do corpo do médium, cujos órgãos toma de empréstimo, corpo ao qual faz que atue como se fora o seu próprio, mediante o eflúvio fluídico que verte sobre ele." - A Gênese

12 - Pluralidade dos mundos habitados
"Deus povoou de seres vivos os mundos, concorrendo todos esses seres para o objetivo final da Providência. Acreditar que só os haja no planeta que habitamos fora duvidar da sabedoria de Deus, que não fez coisa alguma inútil. Certo, a esses mundos há de ele ter dado uma destinação mais séria do que a de nos recrearem a vista. Aliás, nada há, nem na posição, nem no volume, nem na constituição física da Terra, que possa induzir à suposição de que ela goze do privilégio de ser habitada, em exclusão de tantos milhares de milhões de mundos semelhantes." - O Livro dos Espíritos

13 - Erraticidade
"Na erraticidade, o Espírito descortina, de um lado, todas as existências passadas; de outro, o futuro que lhe está prometido e percebe o que lhe falta para atingi-lo. É qual viajor que chega ao cume de uma montanha; vê o caminho que percorreu e o que lhe resta percorrer, a fim de chegar ao fim da sua jornada." - O Livro dos Espíritos
"Uma vez que o estado espiritual é o estado definitivo do Espírito e o corpo espiritual não morre, deve ser esse também o seu estado normal. O estado corporal é transitório e passageiro. É no estado espiritual sobretudo que o Espírito colhe os frutos do progresso realizado pelo trabalho da encarnação; é também nesse estado que se prepara para novas lutas e toma as resoluções que há de por em prática na sua volta à Humanidade." - A Gênese

14 - Interinfluência entre os Espíritos encarnados e desencarnados
"Vossa alma é um Espírito que pensa. Não ignorais que, frequentemente, muitos pensamentos vos acodem a um tempo sobre o mesmo assunto, não raro, contrários uns dos outros. Pois bem! No conjunto deles, estão sempre de mistura os vossos com os nossos. Daí a incerteza em que vos vedes. É que tendes em vós duas ideias a se combaterem." - O Livro dos Espíritos
"Quando um pensamento vos é sugerido, tendes a impressão de que alguém vos fala. Geralmente, os pensamentos próprios são os que acodem em primeiro lugar. Afinal, não vos é de grande interesse estabelecer essa distinção. Muitas vezes, é útil que não saibas fazê-la. Não a fazendo, obra o homem com mais liberdade. Se se decide pelo bem, é voluntariamente que o pratica; se toma o mau caminho, maior será a sua responsabilidade." - O Livro dos Espíritos

15 - Ação dos Espíritos nos fenômenos naturais
"Deus não exerce ação direta sobre a matéria. Ele encontra agentes dedicados em todos os graus da escala dos mundos." - O Livro dos Espíritos
"A coletividade dos Espíritos constitui, de certo modo, a alma do Universo. Por toda parte, o elemento espiritual é que atua em tudo, sob o influxo do pensamento divino. Sem esse elemento, só há matéria inerte, carente de finalidade, de inteligência, tendo por único motor as forças materiais, cuja exclusividade deixa uma imensidade de problemas, e cuja inteligência recusa." - A Gênese