Organizados os Espíritos encarnados no planeta Terra segundo seus meios, anseios e progresso íntimo, a fim de gerir o tempo transcorrido do orbe em suas circunvoluções espaciais, em sua relação com estes, criaram-se os meios de mensurar, classificar e subdividir tal fenômeno. Assim sendo, o tempo que a humanidade goza não ficou apenas no âmbito da reação natural às auroras e aos ocasos, ou entre o que se convencionou chamar dia e noite. Os calendários, adotados segundo a particularidade de diferentes povos e culturas do mundo, são o testemunho de milhares de anos de observação do tempo, das sazonalidades decorrentes dos movimentos do planeta ao redor da estrela que lhe faculta possuir vida. A contagem e o registro do tempo sedimentou a civilização - permitiu a agricultura, a pecuária, a exploração de diferentes recursos naturais para o desenvolvimento humano, para seu progresso enfim. Natal e Reveillon são, outrossim, convenções, que vão ao socorro da necessidade em adotar o natural nascer e fenecer do dia numa escala muito maior, prescrevendo eternos começos e fins para ciclos de tempo que se contam em semanas, quinzenas, meses, anos, décadas, séculos, milênios, etc. - com o acréscimo de resignificações religiosas atadas a fenômenos naturais, como equinócios e solstícios, as festividades pagãs ou pré-históricas se propagaram através da história, de sociedade em sociedade desde então. Destarte, o Natal é celebrado no solstício de inverno, no hemisfério norte, que ocorre próximo ao 25 de dezembro segundo o antigo calendário romano (o calendário gregoriano em uso no ocidente aponta o 22 de dezembro como data mais aproximada do fenômeno) - este fato é notado pois aí a noite possui a maior duração do ano em relação ao dia; a partir do dia seguinte ao solstício, as noites começam a ter uma duração menor, e os dias uma duração maior, o que simbolizava para os povos primevos a vitória da luz frente a escuridão, do Sol contra a noite. A primitiva humanidade cultuava o Sol, como os Persas, por exemplo - a partir do terceiro século depois de Cristo, o Império Romano incorporou esta adoração por meio do culto ao deus Sol Invicto, que determinou o nascimento desta deidade no dia 25 de dezembro, dia em que sua personificação vence a escuridão, e os dias passam a ser maiores em relação as noites, ou seja, o solstício de inverno no hemisfério norte. Com o avanço cristão no seio de Roma, este foi se interpolando aos cultos já existências, enquanto aqueles sofreram igual processo, adotando aspectos do cristianismo. Por convenção, portanto, e tendo Jesus seu nascimento associado ao deus Sol Invicto, o 25 de dezembro passa a ser comemorado como dia do nascimento deste Espírito de avultado progresso. Não apenas Jesus, mas uma série de avatares, deuses e iluminados do mundo antigo tem seu nascimento registrado nesta data, como Herácles, Hórus, Krishna, Mitra, Dionísio, entre muitos outros. Muito embora, na condição de espíritas sejamos instados a racionalizar tais ordens de questões, é preciso reconhecer o valor social destas efemérides, respeitá-las e, ainda que não se deseje fazer parte de quaisquer festividades correlatas, não sujeitar quem vê nestas um mote para culto os argumentos do intelecto. Cada Espírito estará pronto segundo sua maturação natural, não cabendo empreender uma cruzada descabida e inútil contra uma prática que remonta ao princípio da senda humana na Terra. Para os que nos acompanharam desde este ano, quando iniciado tal despretensioso trabalho, desejamos um ano que se avizinha de excelentes realizações, sucesso e paz. Para encerrar esta que é a derradeira postagem de 2019, deixamos o registro de uma das fotografias tomadas do Espírito materializado de Katie King, que dobrou a incredulidade de Sir William Crookes, um dos maiores sábios nascidos em território inglês, com nossas redobradas recomendações de leitura e exame das obras que assinalam seus experimentos. Até 2020.